As 8 competências da experiência do usuário: uma ferramenta para avaliação e desenvolvimento de UX Designers (Parte 2)

Daniela Castro
6 min readDec 22, 2020

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Este texto é a segunda parte de uma tradução livre do artigo “The 8 competencies of user experience: a tool for assessing and developing UX Practitioners” publicado no www.userfocus.co.uk por David Travis, em 9 de Janeiro de 2017.

Se você acabou de chegar neste texto, recomendo a leitura da Parte 1, onde falamos em detalhe sobre:

As 8 principais competências

  • Pesquisa de necessidades do usuário
  • Avaliação de usabilidade
  • Arquitetura da Informação
  • Design de interação
  • Design visual
  • Escrita técnica
  • Prototipação de interfaces
  • Liderança de UX

Como avaliar as competências do seu time

  • Download do gráfico
  • Dicas de aplicação da avaliação

Parte 2

Mapeando as competências para cargos de UX design

O campo da experiência do usuário tem uma variedade desconcertante de cargos (escrevi sobre isso no passado em The UX Job Title Generator). Então, para mapear essas competências em diferentes cargos de UX, eu selecionei alguns cargos do livro de Merholz e Skinner (2016), ‘Org Design for Design Orgs’. Escolhi esse livro porque é ao mesmo tempo atualizado e escrito por experts reconhecidos na área.

Se você pular para os gráficos adiante, você verá que é esperado para todos os profissionais, independentemente do seu cargo, um entendimento mínimo de cada área de competência: este é o nível de conhecimento que alguém teria com o certificado de User Experience da BCS Foundation. Além disso, existem padrões diferentes para cada cargo.

Os gráficos a seguir mostram o mapeamento tanto para profissionais júnior quanto para sênior. A linha mostra o nível mínimo de competência para alguém júnior e as setas mostram até onde um sênior deveria se estender (as áreas “4” e “5”). Devido a amplitude de sua experiência, eu esperaria que um profissional sênior mostrasse uma expansão em mais 2 ou 3 competências também. Mas, para manter o diagrama simples, não irei mostrar isso.

A questão sobre como seria um gráfico ideal, no final das contas, irá variar de pessoa a pessoa, seus objetivos pessoais e as necessidades da organização. Mas as descrições a seguir baseadas em cargos podem te ajudar com essa discussão. E, tão importante quanto isso, essa abordagem deveria prevenir seu time de tentar recrutar clones deles mesmos. Deveria ajudar a na compreensão de todos que a variedade de competências é necessária para criar uma equipe bem redonda.

Pesquisador de UX (UX Researcher)

Merholz e Skinner descrevem o UX Researcher como responsável por pesquisas generativas e avaliativas. Pesquisa generativa significa pesquisas de campo para gerar “insights para enquadrar o problema de novas maneiras” e pesquisa avaliativa significa testar a “eficácia de soluções projetadas, através de observação de uso e ver onde as pessoas têm problemas”. A assinatura dessa competência que eu esperaria ver em alguém nessa posição mostraria expertise em pesquisas de necessidades do usuário e testes de usabilidade.

A linha mostra escala 3 em Pesquisa do usuário e Teste de Usabilidade. As setas vão até 5 . A linha vai até 1 em outras áreas
A linha mostra o nível mínimo de competência para um UX Researcher júnior. As setas mostram os níveis que um sênior deveria alcançar (geralmente 4 e 5). Por conta da amplitude de sua experiência, sêniors também deveriam mostrar uma assinatura maior (2 e 3) nas outras áreas do gráfico (isso será específico por indivíduo, não pelo cargo).

Designer de Produto (Product Designer)

Merholz e Skinner descrevem o Product Designer como “responsável pela interação, pelo visual e às vezes até pelo desenvolvimento front-end”. A assinatura dessa competência que eu esperaria ver de alguém nesse cargo mostraria expertise em design visual, em design de interação e, em menor extensão, em prototipação.

A linha mostra escala 3 em Design Visual e de Interação, 2 em Prototipação. As setas até 5 e 4. A linha vai até 1 nas demais
A linha mostra o nível mínimo de competência para um Product Designer júnior. As setas mostram os níveis que um sênior deveria alcançar (geralmente 4 e 5). Por conta da amplitude de sua experiência, sêniors também deveriam mostrar uma assinatura maior (2 e 3) nas outras áreas do gráfico (isso será específico por indivíduo, não pelo cargo).

Tecnólogo Criativo (Creative Technologist)

Merholz e Skinner descrevem o Creative Technologist como alguém que ajuda o time de design a explorar soluções através da prototipação interativa. Esse cargo é distinto do desenvolvimento front-end: "O Creative Technologist está menos preocupado com a entrega do que com a possibilidade". A assinatura dessa competência que eu esperaria ver de alguém nesse cargo mostraria expertise em prototipação e, em menor extensão, design visual e de interação.

A linha mostra escala 2 em Design Visual e Interação, 3 em Prototipação. As setas vão até 4 e 5. A linha vai até 1 nas demais
A linha mostra o nível mínimo de competência para um Creative Technologist júnior. As setas mostram os níveis que um sênior deveria alcançar (geralmente 4 e 5). Por conta da amplitude de sua experiência, sêniors também deveriam mostrar uma assinatura maior (2 e 3) nas outras áreas do gráfico (isso será específico por indivíduo, não pelo cargo).

Estrategista de conteúdo (Content Strategist)

Merholz e Skinner descrevem o Content Strategist como alguém que "desenvolve modelos de conteúdo e de navegação" e que "escreve as palavras, sejam labels da interface ou o texto que ajuda as pessoas completarem suas tarefas". A assinatura dessa competência que eu esperaria ver de alguém nesse cargo mostraria expertise em escrita técnica e arquitetura da informação.

A linha mostra escala 3 em Escrita Técnica e Arquitetura da Informação. As setas vão até 5. A linha vai até 1 nas demais.
A linha mostra o nível mínimo de competência para um Content Strategist júnior. As setas mostram os níveis que um sênior deveria alcançar (geralmente 4 e 5). Por conta da amplitude de sua experiência, sêniors também deveriam mostrar uma assinatura maior (2 e 3) nas outras áreas do gráfico (isso será específico por indivíduo, não pelo cargo).

Designer de comunicação (Communication Designer)

Merholz e Skinner descrevem o Communication Designer como alguém com background em artes visuais e design gráfico e está ciente de "conceitos centrais, como layout, cores, composição, tipografia e uso de imagens". A assinatura dessa competência que eu esperaria ver de alguém nesse cargo mostraria expertise em design visual.

A linha mostra escala 3 em Design Visual. A seta vai até 5. A linha vai até 1 nas demais áreas.
A linha mostra o nível mínimo de competência para um Communication Designer júnior. As setas mostram os níveis que um sênior deveria alcançar (geralmente 4 e 5). Por conta da amplitude de sua experiência, sêniors também deveriam mostrar uma assinatura maior (2 e 3) nas outras áreas do gráfico (isso será específico por indivíduo, não pelo cargo).

Próximos passos

Se você lidera um time de experiência do usuário:

  • Faça o download do template em PDF e peça para cada membro do seu time completar o gráfico como um exercício de auto-reflexão. Discuta os resultados como um grupo e use essa discussão para identificar as áreas de competência que o seu time pensa que precisa de suporte.
  • Dado o ambiente no qual seu time trabalha, qual pareceria uma composição de time 'ideal'?
  • Discuta os resultados individualmente com cada membro do time em um 1:1 para identificar objetivamente as áreas onde sua avaliação diverge da dele. Que comportamentos você espera que ele demonstre para provar que realmente é um 3, 4 ou 5?
  • O diagrama também pode servir como um meio de configurar objetivos de performance para fins de avaliação e desenvolvimento profissional.

Se você é um profissional dessa área, eu te encorajo a fazer o download do template em PDF e esboçar sua própria assinatura de competências:

  • Use o diagrama como um benchmark (estado atual) para identificar áreas de melhoria.
  • Compare a sua assinatura com as apresentadas nesse artigo para descobrir se você está no cargo que você gostaria e, se não estiver, veja as competências que você precisa desenvolver para migrar para um cargo diferente.
  • Use as 8 áreas de competência como uma estrutura para seu portfolio.

Se você não trabalha na área mas é responsável por recrutar pessoas para o time de experiência do usuário:

  • Use as descrições das competências (presentes na Parte 1 deste artigo) para configurar critérios baseados em comportamento para contratar e escrever ofertas de trabalho.

Sobre o autor

Retrarto do Dr. David Travis
Dr. David Travis

O Dr. David Travis (twitter) realiza pesquisas de campo etnográficas e executando testes de usabilidade em produtos desde 1989. Ele publicou 3 livros sobre experiência do usuário, incluindo Think Like a UX Researcher (Pense como um Pesquisador de UX).

Acknowledgements

Thanks to Dr. David Travis for allowing this transcription. This portuguese version will contribute to the growth of our design community.

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Daniela Castro

Product Designer & Educator | Lead Instructor at Ironhack Paris